terça-feira, 17 de maio de 2011

3. Desenvolvimento cognitivo

“Cada estádio é definido por diferentes formas de pensamento. A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for motivada na devida altura, não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Assim, torna-se necessário que, em cada estádio, a criança experiencie e tenha tempo suficiente para interiorizar a experiência antes de prosseguir para o estádio seguinte” (Bringuier, 1978).

       Ä   Estádio sensório-motor (0-18/24 meses)
A actividade cognitiva durante este estádio baseia-se, principalmente, na experiência imediata através dos sentidos em que há interacção com o meio: esta é uma actividade prática. Na ausência de linguagem para designar as experiências e assim recordar os acontecimentos e ideias, as crianças ficam limitadas à experiência imediata e, assim, vêem e sentem o que está acontecer, mas a experiência raramente é significativa. A busca visual é um comportamento sensório-motor e é fundamental para o desenvolvimento mental, pois este tem que ser aprendido antes de um conceito muito importante designado por permanência do objecto. À medida que as crianças começam a evoluir intelectualmente compreendem que, quando um objecto desaparece de vista, continua a existir, embora não o possam ver. A experiência de ver objectos nos primeiros meses de vida e, posteriormente, de ver os mesmos objectos desaparecer e aparecer tem um importante papel no desenvolvimento mental (Piaget, 1989). Assim, pode afirmar-se que a ausência de experiência visual durante o período crítico da aprendizagem sensório-motora impede o desenvolvimento de estruturas mentais.
“Nada substitui a experiência”: é uma boa síntese do período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo, pois é a qualidade da experiência durante este primeiro estádio que prepara a criança para passar para o estádio seguinte (Piaget, 1989).
       Ä   Estádio pré-operatório (2 aos 7 anos de idade)
Este estádio, também chamado de pensamento intuitivo, é fundamental para o desenvolvimento da criança. Apesar de ainda não conseguir efectuar operações, a criança já usa a inteligência e o pensamento. Segundo Piaget (1989) este é organizado através do processo de assimilação, acomodação e adaptação. Conclui-se que o pensamento intuitivo, se caracteriza pela concentração da criança sobre a aparência das coisas e pela ausência de raciocínio lógico.
“Esta fase é essencial pois a criança aprende de forma rápida e flexível, inicia-se o pensamento simbólico, em que as ideias dão lugar à experiencia concreta. As crianças conseguem já partilhar socialmente as aprendizagens fruto do desenvolvimento e da sua comunicação” (Piaget & Inhelder, 1984).
Uma criança que nesse período ouça pela primeira vez o barulho do trovão pode pensar que alguém fechou ruidosamente uma porta no quarto vizinho. Assemelha, nesse caso, uma nova experiência a uma estrutura psicológica anterior. Num outro momento, ela pode pensar que o barulho era demasiado intenso para ter sido causado por uma pessoa que estivesse em casa. Neste caso, reajusta todas as ideias sobre os barulhos e a sua origem em função das suas antigas categorias mentais e da nova experiência.
       Ä   Estádio das operações concretas (7 aos 12 anos de idade)
“É a partir deste estádio que as crianças começam a ver o mundo com mais realismo e deixam de confundir o real com a fantasia” (Piaget, 1989).
Apesar de nesta fase a criança conseguir efectuar operações correctamente, precisa de estar em contacto com a realidade, por isso o seu pensamento é descritivo e intuitivo (parte do particular para o geral). É nesta fase que a criança começa a dar grande valor ao grupo de pares (exemplo: começa a gostar de sair com os amigos, adquirindo valores tais como a amizade e partilha).
O pensamento é cada vez mais estruturado devido ao desenvolvimento da linguagem. A criança já tem mais capacidade de estar concentrada e algum tempo interessada em realizar determinada tarefa.
       Ä   Estádio das operações formais (11 aos 16 anos de idade)
É nesta fase que a criança realiza raciocínios abstractos, não recorrendo ao contacto com a realidade. A criança deixa o domínio do concreto para passar às representações abstractas. Aqui a criança desenvolve a sua própria identidade, podendo haver problemas existenciais e dúvidas entre o certo e o errado (Piaget, 1989).

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