terça-feira, 17 de maio de 2011

No decurso da fase sensório-motora (0 aos 2 anos de idade), a criança não podia utilizar senão os elementos do seu círculo que lhe chegavam através dos seus cinco sentidos. Se, num determinado momento, ela não tivesse oportunidade de ver, ouvir, cheirar, saborear ou tocar um objecto ou uma pessoa, esse objecto ou essa pessoa não tinham existência para ela (Deldime & Vermeulen, 1983).
No fim desta fase, a criança desenvolverá as suas aptidões simbólicas: o biberão é um símbolo visual (chamado “sinal”) de alimentação, ao qual ela respondia com a alegria que sentia na mamada real. Mas a criança não pensa ainda de uma forma realmente simbólica, visto que reage a estímulos concretos e actuais (Deldime & Vermeulen, 1983).
No período sensório-motor, a inteligência estava ligada aos objectos concretos e aos acontecimentos actuais. A partir do momento que ela emprega símbolos para representar objectos, lugares, pessoas ou situações o pensamento da criança ultrapassa o “aqui e agora”: ela pode evocar um objecto ausente, um acontecimento actual a produzir-se algures…
Segundo Deldime & Vermeulen (1983), a representação simbólica diferencia-se da inteligência sensório-motora sobre vários aspectos:
       Ä   A representação simbólica é mais profunda e mais flexível que a inteligência sensório-motora;
       Ä   A representação simbólica não está ligada aos objectos concretos da acção. A criança pode reflectir e reexaminar os seus conhecimentos anteriores;
       Ä   A representação simbólica permite à criança estender as suas considerações a respeito de certas propriedades (quantidade, formas) para lá dela própria, e dos objectos que encontra no dia-a-dia;
      Ä   A representação simbólica está codificada, socializada. A criança traduz os seus pensamentos em formas que podem ser comunicadas a outros indivíduos;
       Ä   O desenvolvimento da representação simbólica encontra a sua origem na imitação.
Em conclusão, a imitação é de todo interiorizada e toma a forma de uma imagem mental, de uma representação simbólica que fornece ao pensamento um ilimitado campo de aplicação por oposição às fronteiras restritas da acção sensório-motora.

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